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Sobre Chegadas e Partidas...

Dia desses eu estava me perguntando, como estavam as coisas quando nasci? Em que momento de vida meus pais estavam no momento de minha chegada?
Repassei essa pergunta pra eles algumas vezes, e uma das poucas respostas que recebi era que eles estavam pensando em ter apenas 2 filhos e no meio de decisão / indecisão eu peguei o embalo e cheguei!
Sempre fui uma criança muito sapeca, adorava correr, me movimentar ou como ouvi recentemente de uma de minhas professoras do ensino fundamental, eu era uma criança com energia mas extremamente respeitador dos mais velhos.
Me lembro numa dessas vezes que meu avô ia precisar ir a Salvador fazer algum exame de rotina e eu não poderia ir, ficaria em casa com minha irmã e não consigo me lembrar qual adulto ia ficar tomando conta da gente, lembro que minha mãe (ela sempre acompanhava meu avô em tudo) havia ido também, e desde essa época, ela me ligava ou alguém que estava no apto em salvador ligava e eu ja corria para o telefone querendo falar com minha mãe. Essa ligação forte, algo realmente inexplicável, sempre permeou nosso relacionamento que era mais que mãe e filho, era algo mais além como amigos de longa data, inseparáveis! Sempre estava junto com ela, seja na rua, na feira ou em algum lugar que ela fosse sempre me levava junto afinal filho mais novo, menor (ha controversas), volta e meia estava no meio das saídas. Me peguei recordando quando fomos ao médico, em novembro de 2019, eu estava ao lado dela, quando o médico falou o diagnóstico de Câncer, saímos do consultório, ela se virou pra mim enquanto meu pai ia buscar o carro e me perguntou: "Filho, quanto tempo eu tenho?", naquele momento o mundo se abriu em minha mente, e não consegui dar uma resposta aquela pergunta, afinal o médico não falou nada sobre isso. Então eu disse o que o médico havia dito, ou seja, não falei nada porque não havia nada a ser dito. Me lembro bem de quando eu cheguei pra encontra-los no hospital, ela sorriu, me deu um beijo (como sempre fazia) e fomos juntos enfrentar o que vinha pela frente. Hoje é dia 30/06/2020, fazem pouco mais de 7 meses que recebemos o diagnóstico de Câncer de minha mãe, hoje é a data que estamos velando sua partida, Deus a levou para junto de sí, para que ela não sofresse mais e nesse exato momento ela está la em cima no céu, como um anjo  sem dor e nem sofrimento, deve estar procurando por nós mas deve ter sido muito bem recebida também! 
Recebi uma ligação de minha irmã alertando sobre a piora no quadro de minha mãe, fiquei nervoso, desliguei o telefone e fiquei alguns minutos parado, sentado so pensando no quanto eu a amava, no quando eu desejava que ela conhecesse Bernardo, meu filho que estava prestes a chegar. Pensei um pouco a num primeiro momento pensei em não ir, para não deixar minha esposa que ja estava no nono mês de gravidêz sozinha, me lembrei então de alguns poucos amigos (mas extremamente verdadeiros) e dentre uma dessas estava ali a pessoa que ia me ajudar, ficando com minha esposa enquanto eu ia la me despedir de minha mãezinha. Ligação efetuada, amiga a caminho, joguei umas roupas na mala e parti pro interior, lembro de ter ligado pro meu tio e ele ter me dito que iria 2 dias depois, nunca vou esquecer quando disse a ele que ela poderia não ter dois dias, e eu estava certo. Agradeço a Deus por ter colocado em meu coração o impulso de pegar o carro, dirigir 400 km para me despedir dela, segurar em suas mãos mais uma vez, dizer o quanto a amo e ficar ali quietinho até ela dormir.
 Cheguei ja estava escuro, fui ao quarto dela, vi seus olhos arregalados e com alguma dificuldade me perguntar se eu era Frank, porque de máscara é complicado, retirei a máscara, sentei-me ao seu lado e confirmei, sim eu sou Franklin mãe, lhe dei um beijo, conversamos um pouco, segurei sua mão dei um beijo e fui comer alguma coisa, mau sabia eu que aquela seria a ultima vez que eu conversaria com minha mãe, minha fofinha. o dia amanheceu, acordei cedo, tomei café, dei um beijo  nela e fui na farmácia, quando retornei pra casa, fui a cozinha pegar água para tomar o remédio, meu pai me chama e me alerta que ela havia partido. Um sensação estranha de calma mas uma certeza, ela estava me esperando chegar para poder partir, para sair do sofrimento em que estava e ela partiu, se foi para a glória, está la de cima olhando por nós aqui embaixo, sem dor nem sofrimento. Sua partida foi como um até breve, nos reencontraremos e novamente a beijarei, chamarei de fofinha e darei um abraço apertado como sempre fiz. Agora é a parte difícil, a dor é real mas sei que daqui a pouco vai dar lugar a saudade, as muitas lembranças que tenho sejam antigas ou recentes.
Chega até ser estranho porque o choro não é de desespero, é como se a partida dela fosse momentânea, como se logo alí a gente fosse nos reencontrar amanhã ou depois, ninguém sabe. Olho pro relógio, vejo o tempo que falta pro meu filho nascer, choro por saber que ela não conseguiu conhecer ele, nem pegar em seus braços, e saber que ele não vai ter a oportunidade de conhecer pessoalmente a avó fantástica que ele tinha mas conhecerá de tudo o que eu me lembro que irei contar pra ele, cada detalhe que me salta a memória será repassado. E o estranho também é isso, porque pra mim ela não morreu, ela está dentro do meu coração aqui gravado impresso de uma forma que o tempo não apaga. Bernardo meu filho, tenho tantas coisas pra lhe contar, tanta histórias, causos...... Daremos muitas risadas juntos ainda mas o momento agora é de dor. É verdade e igualmente real! Conviver com a dor da partida de minha mãe e com a expectativa da chegada de meu filho, meu primeiro filho dois sentimentos opostos e igualmente fortes!
Mas estamos seguindo, com a ajuda de Deus e apoio dos amigos e familiares.

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Meu primeiro 01 ano sem você

 Por mais que eu saiba que você não vai ler esse texto, não me importo, escreverei como se você estivesse sentada no seu lado da cama, com as pernas cruzadas, usando aquele seu roupão rosa, tomando um mingau de milho que você adorava e lendo esse texto. Se me algum dia nós tivéssemos brigado, ou discutido ou ficados chateados um com o outro isso não duraria 24 horas. Mas infelizmente você não está aqui pra gente brigar, conversar, rir para me aconselhar nem nada mais. Posso afirmar com toda a certeza que os últimos 12 meses foram os mais difíceis da minha vida. O fato de não ligar, conversar, desabafar e não ter com quem me aconselhar foi me mudando de uma forma que nunca imaginei. O fato é, há 12 meses estou sem minha conselheira, amiga, minha mãe e não ha nada que eu faça que possa mudar isso. Já houveram dias em que desejei ter ido junto com ela, ja chorei, me desesperei, fique com raiva, nervoso, quieto e no final sempre veio a minha mente uma de nossas conversas onde ela dizia: &q