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Meu primeiro 01 ano sem você

 Por mais que eu saiba que você não vai ler esse texto, não me importo, escreverei como se você estivesse sentada no seu lado da cama, com as pernas cruzadas, usando aquele seu roupão rosa, tomando um mingau de milho que você adorava e lendo esse texto.

Se me algum dia nós tivéssemos brigado, ou discutido ou ficados chateados um com o outro isso não duraria 24 horas. Mas infelizmente você não está aqui pra gente brigar, conversar, rir para me aconselhar nem nada mais. Posso afirmar com toda a certeza que os últimos 12 meses foram os mais difíceis da minha vida. O fato de não ligar, conversar, desabafar e não ter com quem me aconselhar foi me mudando de uma forma que nunca imaginei. O fato é, há 12 meses estou sem minha conselheira, amiga, minha mãe e não ha nada que eu faça que possa mudar isso.

Já houveram dias em que desejei ter ido junto com ela, ja chorei, me desesperei, fique com raiva, nervoso, quieto e no final sempre veio a minha mente uma de nossas conversas onde ela dizia: "calma filho, isso tudo vai se resolver, você precisa ter uma pouco de calma e paciência." daí do nada eu paro, respiro fundo e digo "é você tem razão". Esse tipo de situação, tem me feito questionar uma série de coisas e dentre elas vem "existe alguma forma de uma pessoa que não está mais viva falar com alguém que ainda está vivo?". Há alguns anos eu responderia prontamente que não, não ha tal possibilidade mas hoje, nesses últimos meses, aforam que sinto a presença de minha fofinha, do jeito que eu entendo que ela me inspira e fala comigo e ja não tenho essa certeza e digo de coração pouco me importa se você concorda ou não com isso. O fato é, estou aflito, me pego pensando no conselho que eu receberia e está la, decido baseado no histórico e no que o meu coração manda. Então posso afirmar que nesses ultimo ano, eu não fiquei so, sempre que precisei ela estava ali pra me aconselhar, seja num sonho ou num pensamento.

Há algumas noites tive um sonho, mas sabe aquele sonho que você acorda e sente que foi real? Algumas pessoas acreditam que foi uma visão de Deus, outros que seu espírito foi caminhar e vagar pelo universo mas novamente pouco me importa no que você acredita. O fato é, tive um sonho super realista, acordei sentindo em minha cabeça a mão de minha mãe me acariciando, do jeito que ela fazia. Ao acordar fiquei procurando-a e não encontrei, o coração doeu mas a alma estava leve por ter sentido mais uma vez seu toque.

Na semana em que completava 01 ano de sua partida, acabei indo ao interior. Acho que naquela semana eu revivi todos os sentimentos, sensações e situações e isso me deixou muito mais muito mau. No dia 31/06/2021, exatos 12 meses depois, fomos comprar  flores para colocar la no túmulo (eu também não acredito nisso mas me deu vontade de fazer isso então o mínimo que peço é respeito), chegando la ocorreu uma coisa muito interessante. Deixamos la as flores, ficamos alguns instantes la olhando para o túmulo e tals. Precisarei voltar ha alguns anos para você consegui entender as coincidências.

Quando minha avó faleceu, meu avô sempre comentou que queria comprar um terreno no cemitério, nossa família tradicional na cidade não tem um túmulo, a grande maioria das famílias tradicionais tem. Então eu sempre escutava, filho passa la no cemitério e veja se tem algum túmulo pra vender, e volta e meia eu ia la, mas acabei relaxando e deixei de ir, cemitério não é o meu local de passeio predileto. 

Calhou que no dia em que minha mãe completou seu primeiro ano de falecida, na saída do cemitério a gente perguntou (estávamos la Meu Pai e Eu) se tinha algum túmulo disponível e a resposta do coveiro foi Sim, temos 2. Me gelei todo, afinal foram anos procurando e nunca tinha mas naquele dia tava la. Logo fomos formalizar a solicitação de compra e assim ocorreu então nesse momento em que escrevo, o túmulo da família está sendo preparado para conter 3 gavetas, segundo a planta que vi, e daí poder colocar minha avó, minha tia e minha mãe la.

Para quem não sabe, a passagem de minha mãe ocorreu num momento super complicado da minha vida. Havíamos acabado de descobrir que estávamos grávidos quando descobrimos também a doença de minha mãe. Um das coisas que ela dizia era querer conhecer Bernardo (o nome do nosso filho), infelizmente 15 dias antes do nascimento dele ela partiu e não teve como conhecê-lo. 

Retornando da cidade onde minha mãe foi sepultada, 15 dias depois é o aniversário do meu filho. Hoje eu entendo um pouco do tamanho do amor que minha mãe tinha por mim e meus irmãos porque quando eu olho pra Bernardo, meu mundo literalmente para ali naquele olhar, sorriso e, claro, nas brincadeiras. Os problemas somem mas a responsabilidade é enorme. Sobre minha relação com Bernardo escreverei um texto mais a frente.

Então em resumo, ela se foi, eu fiquei, ela sempre está comigo me ajudando de alguma forma e todos estamos seguindo em frente, ou tentando, da melhor forma possível. Muitas novidades que eu gostaria de ter compartilhado, o primeiro passo, a primeira caminhada, a primeira careta experimentando comida, o primeiro sorriso, choro, cagada na fralda, mijada no pai, primeira vez que puxou o rabo de mel, que ligou o ar-condicionado, a tv, o celular e tantas outras primeiras coisas que eu ficaria aqui uma semana escrevendo mas que infelizmente nada disso pode ser compartilhado com ela.

O que posso fazer, e tento ao máximo, é ser um bom Pai, criar laços fortes com meu filhote, dar muito amor, expressar isso pra ele, ser forte e chorar junto com ele quando necessário. Ser uma pai equilibrado, amoroso e principalmente mostrar que estou aqui para qualquer coisa, desde um passeio no playground a jogar papel pro alto. Acho que é isso.. 

Comments

  1. 😪 . Por enquanto é só o que posso fazer: refletir e chorar. Lindo texto pq saiu de um coração sincero. Eu sei disso. Boa noite. Bjos

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